Dra, até quando meu familiar pode dirigir?


 Quando parar de dirigir no quadro de Alzheimer: tudo o que você precisa saber.



“Até quando é seguro que meu familiar com Alzheimer continue dirigindo?” Essa é uma questão importante, já que dirigir envolve atenção, memória, reflexos rápidos e julgamento — funções que são progressivamente afetadas pela doença. 

Por que o Alzheimer afeta a capacidade de dirigir?

Conduzir um veículo exige habilidades cognitivas específicas, como:

Memória: para lembrar rotas, sinais de trânsito e as regras da estrada.

Atenção: para perceber pedestres, outros carros e mudanças no ambiente.

Coordenação motora: para controlar o volante, os pedais e mudar de marcha.

Tomada de decisão: para agir rapidamente diante de imprevistos, como um carro freando bruscamente.

O Alzheimer afeta essas habilidades de forma gradual e progressiva. No início, o paciente pode continuar dirigindo em rotas conhecidas, mas, com o tempo, até trajetos familiares se tornam confusos e situações inesperadas ficam difíceis de manejar. Isso aumenta o risco de acidentes, colocando em perigo não apenas o motorista, mas também outras pessoas.

Quando parar de dirigir?

Nem todos os pacientes com Alzheimer precisam parar de dirigir imediatamente após o diagnóstico, mas é essencial avaliar a segurança. Aqui estão sinais de alerta:

1. Esquecimento ou confusão ao dirigir: Perder-se em rotas conhecidas ou esquecer como chegar a destinos frequentes.

2. Desatenção no trânsito: Não perceber semáforos, placas ou pedestres.

3. Dirigir em velocidade inadequada: Tanto muito rápido quanto muito devagar.

4. Dificuldade em tomar decisões rápidas: Não saber o que fazer em cruzamentos ou diante de situações inesperadas.

5. Acidentes ou “quase-acidentes”: Batidas, arranhões no carro ou relatos de terceiros sobre comportamentos perigosos.

6. Mudanças de comportamento: Irritabilidade, ansiedade ou desorientação ao volante.

Dica: Um teste prático de direção realizado por um instrutor especializado ou por avaliação médica pode ajudar a determinar a segurança do paciente ao volante.

O que dizem as leis brasileiras?

No Brasil, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina que todo motorista deve estar apto física e mentalmente para dirigir.

O Alzheimer é considerado uma condição que compromete a capacidade de dirigir com segurança.

O médico pode emitir um laudo indicando que o paciente não está mais apto a dirigir, e o Detran pode solicitar a suspensão da habilitação em caso de risco comprovado.

Lembre-se: a segurança no trânsito é responsabilidade de todos.

Como abordar a questão com o familiar?

Muitas vezes, o familiar com Alzheimer tem dificuldade em aceitar que precisa parar de dirigir. Isso acontece porque dirigir está ligado à sensação de independência e liberdade. Para lidar com essa situação:

1.     Mostre que você entende a importância de dirigir para ele(a).

“Eu sei o quanto dirigir sempre foi importante para você, mas a nossa prioridade é a sua segurança.”

2. Use exemplos reais: Explique o impacto da doença na direção, como lapsos de memória ou reflexos mais lentos.

“Lembra daquela vez que você ficou confuso(a) ao voltar para casa? Isso pode acontecer de novo e acabar sendo perigoso.”

3. Apresente alternativas: Ofereça soluções para manter a mobilidade.

“Podemos organizar caronas, chamar um motorista de aplicativo ou planejar juntos os horários de transporte.”

4. Envie reforços neutros: Às vezes, ouvir de um médico ou especialista torna a situação mais fácil de aceitar.

Como facilitar a transição?

Parar de dirigir pode ser um processo desafiador, mas existem formas de ajudar o familiar a se adaptar:

Planeje os deslocamentos: Organize quem vai acompanhá-lo(a) em consultas médicas, compras ou passeios.

Use tecnologias disponíveis: Aplicativos de transporte são opções práticas e convenientes.

Mantenha a rotina ativa: Incentive atividades que substituam a sensação de independência que o ato de dirigir proporcionava.

E se houver resistência?

Em alguns casos, o paciente pode não aceitar a decisão de parar de dirigir. Aqui estão estratégias para lidar com isso:

Peça ajuda médica: Um médico pode explicar os riscos diretamente ao paciente.

Limite o acesso ao carro: Caso o paciente insista em dirigir, considere esconder as chaves ou desativar o veículo.

Procure suporte emocional: Participar de grupos de apoio pode ajudar o cuidador a lidar com a resistência do familiar.

 É uma decisão difícil, mas necessária para garantir a segurança de todos. O momento certo depende de cada caso, e a transição deve ser feita com empatia, paciência e planejamento. A prioridade é sempre o bem-estar do familiar e das pessoas ao seu redor.

Se você ainda tem dúvidas ou precisa de ajuda para lidar com essa situação, busque o apoio de um médico geriatra ou de profissionais especializados em Alzheimer. Eles podem orientar sobre o melhor caminho a seguir.


Você passou por essa situação? Gostaria muito de saber como foi pra você e sua família. 

Sua experiência pode ajudar outras pessoas!

Até mais.



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